De Vasco Costa Marques
Não vale nada um “a propósito”
como a palavra “rapidamente”
nem beber vinho e o seu depósito
nem ir cortar a cuia rente
Não vale nada comprar bilhete
de avião para Xangai
nem ir fumar para a retrete
e esquecer-se a que horas sai
Não vale nada uma pitada
de cianeto no ananás
nem sustentar a gargalhada
com o andaime que tem por trás
Não vale nada a nota preta
quando o negócio já é tão escuro
nem escrever a carta aberta
em pleno dia em pleno muro
Não vale nada ser bom rapaz
atrás de cada causa perdida
nem só pra verem que se é capaz
casar com uma mulher da vida
Não vale nada este poema
se o epitáfio for lapidar
nem ir dormir para o cinema
com duas letras por liquidar
Não vale nada a reunião
de curso com discurso e tudo
quando parece que é no Japão
ou num congresso de surdos-mudos
Não vale nada amor sabermos
que a fruta verde já está sorvada
Não vale a pena amor morrermos
tão cedo amor não vale nada
Sem comentários:
Enviar um comentário