Não desgosto da devota que passa cá por casa


1948
José ferreira Monte
Não desgosto da devota que passa cá por casa,
(Este verso, amigos, é de António Nobre?)
dando às palavras um tom vago, pobre,
e aos gestos velados uma forma rasa!
Mas se me vê, levanta o braço em asa
e diz: «salve-o Deus, pêlos seus pecados!» Descobre
do chaile negro a outra mão e — sino que dobre! —
pede para sentar-se à lenha em brasa!

Ao quente, com os dedos enlaçados no rosário, 
ora sem descanso, por este mundo, ao de lá... 
(Eu continuo com Junqueiro e com Cesário...) 
Os últimos sermões descreve-mos depois... 
Entretanto, beija o pão e bebe o chá... 
Para si, o outro e meu pai são Deus, os dois!

Sem comentários: