À luz deste sonho estelar


"Cadernos do meio-dia 3"
1958
CARLOS DE OLIVEIRA

Improviso sobre um verso de Afonso Duarte
.......................................São as aves demais para chorar ?

À luz
deste sonho estelar
a que chamam luar
e que é apenas o silêncio branco
das pedras tumulares
sobre os ossos humanos,
são as aves o menos que choramos.

Lágrimas vivas
dum olhar terrestre
que a loucura escurece,
lá vamos nós,
lá somos, Mestre,
aquelas sombras flutuando no luar.
a
E no entanto a Terra,
esse magoado coração do espaço,
chama ainda por nós.
a
Que lhe diremos, Mestre?
tão pobres e tão sós.

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