Quem não se chateia de ser o rapaz de dedo no dique

De Vasco Costa Marques
Quem não se chateia de ser o rapaz de dedo no dique
dedo polegar por certo se servia de tampão ou qualquer outro
se servia de rolha e qual conforme o calibre do furo
ou a mão toda se racha fosse

Quem não se chateia com a friagem no dedo
já azul e exangue e a dor que alastra
num de repente pelo corpo todo
e de gritar já rouco alertas sem resposta
senão risos daqueles que de indicador na testa
lhe chamam louco e se estão borrifando
Quem não se chateia de ficar na história
como o maior otário holandês
atascado na água dos canais
até aos canais semi-circulares nariz empinado
a ponto de lhe chamarem arrogante
e os mestres de obras a acusarem-no
de ter feito o buraco – terrorista!
porque os diques ali o juravam
tinham sido erguidos com o melhor
material e tecnologia mais de ponta
que era a deles e distribuiam cartões aos circunstantes
Um cego começou a tocar violino
Alguém trouxe um carro para vender cachorros
As meninas saíram das montras e miravam-no
com interesse – Não é um querido? ...

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