Dormem velhas poeiras nas paredes

De Vasco Costa Marques
Dormem velhas poeiras nas paredes
Escorre um longo frio das páginas dos livros
Estas mesmas palavras hesitaram
Em buscar o conchego dos teus dedos

Já fizeram comigo estes caminhos duros
Cavados sob os pés com súplicas e fogos
Mesmo pêlos jardins de sombra nos espiaram
Machucando o teu seio como um papel inútil

Tínhamos nas gavetas tanto amor desatado
Penetrava tão longe como o cheiro da maré
Pelo perfume duma pétala arrombaram-nos as portas
E cortaram o sol em cima dos meus olhos

"Oito Feições da Palavra Aguardar"

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