Há sempre um grande Arco ao fundo dos meus olhos...


(1946)
Mário de Sá-Carneiro

Há sempre um grande Arco ao fundo dos meus olhos...
A cada passo a minha alma é outra cruz,
E o meu coração gira: é uma roda de cores...
Não sei aonde vou, nem vejo o que persigo...
Já não é o meu rastro o rastro de oiro que ainda sigo...
Resvalo em pontes de gelatina e de bolores...
— Hoje a luz para mim é sempre meia-luz...
As mesas do Café endoideceram feitas ar...
Caíu-me agora um braço... Olha lá vai ele a valsar,
Vestido de casaca, nos salões do Vice-Rei...

(Subo por mim acima como por uma escada de corda,
E a minha Ânsia é um trapézio escangalhado...)

2 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Tenho um blogue onde insiro muita
poesia http://sinfoniaesol.wordpress.com
e gostaria de saber se me cede
algo do seu blogue para inserir
com os devidos créditos.
Cumprimentos
Irene

JG disse...

Esteja à vontade.