Deixa-me o desengano desta noite

De Vasco Costa Marques
Deixa-me o desengano desta noite
tão sabido e esquecido em cada dia
com a sua indigestão a dar sentido
ao bafo das palavras macias

Seja eu o cuidado dos amigos
de propósito desenterrado
para chorarem lágrimas sinceras
com grande espanto dos criados

Sem os meus vermes não seriam sérios
e bons amigos nesta noite agreste
quem sabe mesmo se estariam vivos
se eu não açambarcasse toda a peste? …

Passa-me um beijo (cala as frases claras)
vale mais do que trinta véganines
E enquanto dura a autópsia encostemos as caras
às luzes das vitrines

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