Recuso-me a todos os teus nomes


"Espelho do invisível"
1959
José Terra

Recuso-me a todos os teus nomes,
à tua forma, ao teu encanto, à tua
dúplice presença de egéria ou deusa,
ao teu sorriso capcioso, às unhas

sub-reptícias que sob a porta, à noite,
tentam surpreender-me no obscuro.
Calafeto a casa a lucidez e cerro
os meus ouvidos ao teu canto incerto.

Lá fora zunes sob a pele da noite
com ademanes que não vejo, sinto,
e por dentro de mim sou uma chama

vigilante e voraz que me alumia,
olho raiando as paredes do sono,
intervalo de fogo sobre o tempo.

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