Às vezes


"O fósforo na palha"
1970
Egito Gonçalves
Às  vezes
no coração da noite 
debruço-me sobre ti e interrogo 
a sombra da tua pele.

Pergunto com o olhar, depois 
os lábios movem-se, 
toco-te, todo um ciclo 
recomeça.

Que gesso  aprisiona  o sangue 
que nos morde? Que navio espero 
no final dos meus gestos?

O importante é saber 
onde  dói

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