De Vasco Costa Marques
Abro os dedos à luz
os sinais devorando
penetram lentamente
até ao fogo móvel
Não afogo o milagre
docemente mastigo-o
letra a letra dissolve-se
no sangue ressuscita
Arrisco-me entre sebes
permeáveis cortinas
moles cortinas de olhos
curvo-me sobre mim
Dispo milhares de olhos
movendo-se tranquilos
meio cegos ainda
a pele gasta ardida
pelo tempo.
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