Há uma linha de Verlaine que não mais recordarei


1971
Jorge Luis Borges


LIMITES

Há uma linha de Verlaine que não mais recordarei,
Há uma rua próxima vedada aos meus passos,
Há um espelho que me viu pela última vez,
Há uma porta que eu fechei até ao fim do mundo.
Entre os livros da minha biblioteca (estou a vê-los)
Algum existirá que já não abrirei.
Este verão farei cinquenta anos;
A morte, incessantemente, vai-me desgastando.

................... De Inscripciones (Montevideu, 1923),
.....................de JULIO PLATERO HAEDO

1 comentário:

Jasmim disse...

Porque tenho também este sentimento? São os meus 50 anos? É a consciência dos livros que já não lerei? A saudade antecipada dos que não amarei?